Contra o humor absoluto
Bem vindos ao segundo episódio da série refutation episódio de hoje "contra a idéia do humor absoluto"
Bom dia a todos, hoje eu falarei a vocês a respeito da interpretação de texto
"Você falará de uma técnica para melhorar isso nas escolas do país?" Não, é algo específico sobre esta temática
Falarei sobre um tema da interpretação de texto, no caso, as piadas nessas provas, em tirinhas e textos
Você com certeza já se deparou na prova de português com uma tirinha com uma questão dizendo para você encontrar o humor, mas, e se eu te dissesse que isso está errado
"Mas como assim?" Você me pergunta, explicarei a minha linha de raciocínio no texto, pode parecer estranho antes
O que está errado é: atribuir apenas uma fonte de graça, desconsiderando a subjetividade intrapessoal do humor
No caso, cada pessoa tem o humor (de piada) diferente, não é algo universal que todos temos, existem peculiaridades de pessoa para pessoa
"Mas o que a professora quer é que você veje a quebra de expectativa que ocorre"
Cada um tem a sua expectativa, pois se trata de algo que você acha ocorrerá no futuro, como se fosse uma previsão, diferentes pessoas acham diferentes coisas irão acontecer no futuro, a tirinha pode ocorrer Oque a pessoa acha que irá acontecer, mas prever o futuro não é humor
E além disso, existem outras maneiras de gerar possíveis humores que vão além de quebrar a expectativa doque ocorrerá no futuro, sim, eu reconheço que isso pode gerar o humor para algumas pessoas
Pergunte para os humoristas: quando eles vão fazer um show de piada eles consideram aspectos culturais do local de onde estão inseridos, pois o humor é influenciado pela cultura, algo pode não ser engraçado para um povo, enquanto é para outro, e por assim vai
Pode ver, os shows de stand up sempre giram em torno de elementos da região, no Amazonas, sobre barco, devido ao rio Amazonas, em São Paulo, sobre a poluição, e por ai vai
Vamos começar listando os tipos de humor, existem tipos
1-humor negro: humor que trata de coisas pesadas
2-satira
3-confusao de sentido de palavras: quando um personagem confunde as palavras e gera outra coisa
E por aí vai, não citei todos os tipos, mas existem vários, que cada um pode ter em maior ou menor grau
"Ain, mas a professora quer que você encontre o que o autor acha engraçado"
Uma pena, não dá, para isso a gente teria que fazer um teste psicológico de humor nele, para então com base no resultado disso, encontrar o que ele acha engraçado no texto, coisa que não é feita na escola, jamais na prova há o teste aplicado no autor, a escola teria que nos ensinar esse teste se assim fosse
Não, interpretação de texto, veja só, você só deve tratar do significado de um texto, não do humor, pois o humor é fruto do significado e de outros fatores não associados ao texto, elementos externos
O problema é tratar o humor como algo absoluto, negando diversas origens referentes aos diferentes humores das pessoas
"Mas a professora quer que você associe o texto ao humor cultural das pessoas situadas no contexto temporal e local daquele texto"
Uma pena, pois a professora de história não nos ensina sobre o tipo de humor de épocas e locais, sim, se for isso que vocês querem, que saibamos o humor referente ao povo que escreveu o texto, vocês deveriam ensinar, há um problema na educação referente a colocar elementos nas provas nas quais OS professores não ensinaram, não adianta negar, existem provas sobre isso, você mesmo pode procurar no seu caderno, na de matemática, pode ter caído na prova uma questão com uma propriedade matemática em sua resolução cuja professora não havia ensinado antes
Vejamos o exemplo do shitpost, só o pessoal do shitpost acha graça, só entre eles, pois isso é um fator cultural, a cultura shitpost atribui graça e este tipo de meme através da pessoa cuja cultura está aplicada
Eu por exemplo, não acho graça desse tipo de meme, mas se eu estudasse essa cultura, eu poderia achar a graça que eu sentiria se tivesse a cultura shitpost inserida em mim
Tanto que eu já falei nos comentários que não acho graça disso
Diferencie cultura inserida em você de cultura aprendida, uma coisa é aprender cultura, outra é você realmente ser dessa cultura
A zoeira tem que ser reconhecida como subjetiva e relativa, só sendo exata quando se trata de uma cultura/tipo de humor específico, a solução mais radical que eu proponho é a remoção de "encontre a graça na tirinha" em interpretação de texto, pois alguns alunos me disseram que perderam muito tempo tentando achar a "graça" da tirinha, mas sei que isso é muito difícil, então, pensei em outros métodos
Outra solução é os professores ensinarem a associar o tipo de humor de cultura tal com os textos deles para encontrar a graça que eles teriam encontrado e rido
Eu me lembro de um texto sobre uma velha que levava um saco de areia, e na questão tinha "ache a graça" como vocês estão vendo na imagem, texto: velha contrabandista
Título: velha contrabandista
Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela
passava pela fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da
lambreta. O pessoal da Alfândega – tudo malandro velho – começou a desconfiar
da velhinha.
Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da
Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim
para ela:
- Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse
saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?
A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os
outros, que ela adquirira no odontólogo e respondeu:
- É areia!
Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a
velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal
esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha
que fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia
atrás.
Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia
com areia e no outro com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia
seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou
parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal
interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.
Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
- Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos de serviço.
Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a
senhora é contrabandista.
- Mas no saco só tem areia! – insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta,
quando o fiscal propôs:
- Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não
apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o
contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?
- O senhor promete que não “espaia”? – quis saber a velhinha.
- Juro – respondeu o fiscal.
- É lambreta.
Beleza, tem gente que acha engraçado e gente que não acha engraçado, e dentro de quem acha engraçado, tem em sua mente diferentes origens do humor
1° origem: o humor é o fiscal achar que o contrabando é o que está no saco e se surpreender por ser a lambreta
2° origem: a graça é a velha enganar o fiscal durante os 30 dias com o saco de areia distraindo
3° origem: a graça é o contrabandista não perceber que a lambreta era diferente antes
Todas estão certas, porque as pessoas riem para coisas diferentes, isso não é mera interpretação, é a interpretação do texto juntamente com a reação humoristica, variando de pessoa para pessoa, sim, há interpretação de texto envolvida, mas há algo a mais que faz variar
Tanto que eu já tive Zika na questão que pedia a identifição do humor, eu achei engraçado, mas não pelo mesmo motivo que a professora havia pensado, me dando errado
Eu e minha mãe ficaram procurando a resposta na internet
A professora atribuiu o humor que ele pensou
Há um fator territorial variante, a condição territorial da alfândega, pessoas que não sabem o que é, outras que não estão nem aí, além da maneira de pensar
Se os professores adotarem o pensamento "o humor da tirinha se dá pelo critério de cultura-local-periodo" há uma solução, ensinar cultura local e período envolvendo o texto da velha contrabandista, e falar para usarem isso para encontrar a graça associada a isso
Relativo é o conceito que trata de uma relação variante, quando se define uma única relação, da o mesmo resultado
Na situação o elemento x é a pessoa (ou critério de graça), o elemento y é o texto, o r (resultado) é a graça
Quando se estabelece uma mesma relação do x com o mesmo y, sempre gera o mesmo r
O que os professores pensam é uma relação definida entre x (criterio de graça) e y (texto) gerando uma mesma graça
No caso, o critério de graça os alunos aprendem com os professores ensinando como povo/autor x ri, o tipo de humor dele/deles, para que então o humor seja absoluto, isso resolve
Basicamente é por uma fórmula
x interage com y = r ou x*y=r
Nas provas, apenas temos o x definido, não temos o y nem o r, que seria a resposta, isso da diferentes critérios de graça e graça que podem satisfazer a equação
Porém, querer rotular dizendo que só há uma graça possível é mentira, isso faz o humor se limitar, isso reduz a liberdade humoristica, So há uma graça possível quando y e x são os mesmos
Eu quando produzo memes, sei que alguns podem achar graca de outro aspecto do meme que eu não acho graça, tudo bem, meme é pra galera se divertir, meme é para rir, o bom da vida é isso, rir
Isso reduziria a liberdade humoristica pois colocaria na cabeça um único critério humoristico, isso reduziria os risos das pessoas, tornando-as mais tristes, pois não haveria a diversidade humoristica de rir com diferentes critérios
nós podemos até interpretar corretamente, mas isso não significa que nosso humor seja o mesmo, se todas as opções forem aplicadas ao mesmo sentido do texto, todas elas procedem para gerar humor dependendo da pessoa
Não, humor não está ligado diretamente ao sentido de um texto, nem é um mero subproduto dele, pois o sentido desse texto é
"uma idosa levando sacos de areia em diferentes lambretas com o guarda parando ela em diferentes dias, um desses dias ele parou e descobriu que o contrabando era a lambreta"
Tanto, que houve um conteúdo na internet retratando do estranho humor da geração mais nova, claro, humor não é absoluto, o sentido das palavras podem ser absolutas, mas o humor não (jwidiwbwusj)
Os professores de língua portuguesa podem estar vendo esse vídeo e já querendo cair fora, irritados com o que eu falei, vejo que isso pode gerar uma nova polêmica na interpretação de texto
Pais dizendo que interpretação é algo que varia por cultura já foi refutado, mas, pais dizendo que o humor varia por cultura é irrefutável, a verdade é irrefutável
Resumindo, as dicas para resolver esse problema continuando com questão de encontrar a graça são
1- definir o critério x (receptor do texto que irá atribuir a graça a y, resultando em r) nas provas de interpretação de texto com piadas, porém, ensinando tal critério antes
Basicamente, essa dica pode salva-los dessa nova crítica
Porém, haverá conspiracionistas que falarão que vocês querem mudar a cultura, fiquem atentos
Sim, o ataque a interpretação de texto em geral é inválida, porém, nesse especifico eu acho que não, pois envolve algo além da interpretação de texto
Para você aluno, a dica é o seguinte, pergunte ao seu professor sobre isso, mas não diga que eu di a idéia, gostaria até de eu receber uma resposta de um professor de língua portuguesa, ver como ocorrerá as discussões sobre este assunto polêmico, será que vai dar coisa maior, quais seriam as repercussões
Comente-me nos comentários um caso de ter que indicar o humor no texto que vocês passaram, para ver como é que está a situação
Até mais, falou, Thau
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